Sem paixão, não há razão para viver

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Certa vez, nem sei bem como, cheguei ao filme Azul é a cor mais quente e o achei tão genial! Quando se vê Emma (a personagem com o cabelo pintado de azul), instintivamente o espectador pensa que trata-se da protagonista da história, mas quando a narrativa começa a ser descortinada, então percebe-se que aquela menina mais tímida, cheia de medos, com curiosidades sexuais, amorosas, é a essência da trama, mas há um detalhe aqui: Adèle não se coloca em nenhum momento em sua vida em lugar de protagonismo, mas de coadjuvante, como sombra de Emma – que se torna a paixão e a razão de sua vida.

Em um dos diálogos, Emma se mostra incomodada em ver em Adèle aquele comodismo, já que enquanto ela se dedica à arte da pintura, aos seus sonhos, vê a parceira se perder em sua sombra. É angustiante ouvir de Adèle que o importante é estar apenas ali com Emma, é se abdicar de si por uma paixão – efêmera. Ora! Mas toda paixão é efêmera! – muitos podem pensar. Sim, a paixão em si tem uma essência efervescente, impetuosa, mas sem fôlego o suficiente para se sustentar, até se apagar por completo. Mas há uma maneira de se apaixonar, de forma que o fogo jamais se acabe e de que não haja em nenhum momento qualquer decepção. Loucura? Não! Falo sobre a paixão pela própria vida. Falo sobre a paixão, sobre o amor, sem a idealização da manifestação desses sentimentos apenas por meio de relações amorosas, com exceção da relação consigo, do amor pela própria vida e isso não é egoísmo, chama-se: gratidão pela própria existência.

Adèle era a protagonista, era o cerne da história, era sobre ela a narrativa, era sobre ela principalmente. Depois acabei vendo que o filme em francês se chama La Vie d’Adèle (A vida de Adèle), nome incoerente já que a personagem principal se recusava à própria vida.

Nos foi dada uma oportunidade, temos uma alma em corpo, temos a possibilidade de vivenciar aqui uma história única e se nos colocamos à sombra de alguém é como se estivéssemos renunciando àquilo para o que fomos chamados: protagonizar.

Cada ser humano tem um porquê, uma paixão, aquilo que precisa expressar ao mundo, precisa expor ao Universo. É preciso se exercer aqui. Se fazer. Sair da sombra, quebrar as amarras. Não adianta esperar que as correntes se quebrem sozinhas ou que alguém venha te salvar, a decisão em se soltar de grilhões precisa partir de ti mesmo.

Se acha que estou em um nível acima por te escrever sobre isso, saiba que também estou em processo, estou em fase de quebrar grilhões, correntes, não estou absolutamente sob a luz. O escritor precisa ser sincero quanto a si mesmo, tanto quanto é quando habita em mundos paralelos.

Não era sobre Emma, não era sobre os sonhos dela, sobre as conquistas dela, sobre as paixões que a moviam –, em todo momento – a vida de Adèle estava sendo contada, ela era a personagem mais importante que preferia se colocar à sombra de uma paixão efêmera ao invés de buscar em si a paixão pela própria vida.

O momento é agora. A gente tem tempo ainda para viver os sonhos, para ser o que tem de ser. A gente tem tempo antes do fim carnal absoluto. Pensa nisso! Pensa no quanto a sua vida é importante, pensa no seu chamado ao protagonismo. Pensa no que te desperta paixão na vida e faça da sua vida uma brisa suave para manter a chama desse fogo acesa. Promete que vai pensar?

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