A vida acaba para quem não sonha

‘Viver é melhor que sonhar’ – diz a canção Como nossos pais, e é verdade, é ‘melhor’ no sentido de uma vida mais previsível, sem os caminhos inconstantes que o ato de sonhar esculpem na alma e no cotidiano do sonhador. Sonhar, quando pensado literalmente, geralmente não faz muito sentido quando se tenta uma interpretação com base apenas na razão e dura realidade. E sonhar, quando pensado no ato de esperançar algo de ‘olhos e alma’ bem abertos, é ainda mais sem sentido e talvez soe loucura.

O ser humano sonha, na maioria dos casos, sem nenhum recurso para que aquele sonho se realize, e suas ações cheias de esperança, com muito esforço, fazem com que essas sementes de fé comecem a brotar, na maioria dos casos, esse processo parece tão demorado! Mas essa sensação de demora nada mais é do que a criancice presente no sonho. Há uma criança com urgências em todo ser sonhador e quem faz o papel do adulto é a supremacia do tempo, que muitas vezes, é aquele senhor que para alguns pode ser cruel, para outros impiedoso e para outros, fundamental.

Me lembro de Simba, meu saudoso cão, era muito afoito, desses cães que destruíam tudo pela frente e isso não se limitou apenas a quando era um filhote. Era um Cocker Spaniel de cor caramelo, lindo, divertido e muito ansioso, era um cão ansioso… A condição de Simba de cão de caça fazia com que ansiasse um campo aberto para explorar, quando ele sequer tinha a referência de um campo aberto. Simba queria ser explorador e se não havia terra, mato, becos, ele fazia essa exploração em cimento, em concreto, em paredes, sofás, em sua casa de madeira… No fundo, Simba era um sonhador inconsciente. Suas destruições eram sinais de sonhos – que ele sequer sabia que sonhava – frustrados.

Já nós, temos a consciência como sonhadores, sabemos o que existe e o que não existe de condições para que os sonhos se realizem, e a grandeza de sonhar está em se nortear pela certeza de que o que ainda não existe, vai existir, e isso é fruto de algo muito louco e muito questionável que é a fé. Mas sem ela, é impossível transportar montanhas.

Sonhar é um exercício que será constantemente resistido pela incredulidade, que também faz parte de nossa condição humana, e como faz! Dentro da consciência, sempre haverá uma voz que questionará o sonho, se é muito grande, se é muito louco, se é muito impossível, se é muito bobo… E a voz do sonho não existe. O sonho é silencioso, ele não diz e não responde jamais a voz da incredulidade. O sonho age, o sonho confronta, o sonho reage, o sonho brada em loucura. Aí, em algum momento, a voz da incredulidade se sente tão solitária e inútil, que deixa de advertir, já que o sonho nunca resistiu pelo medo de parecer ridículo.

Sonhadores não têm medo algum de parecerem ridículos. Sonhadores não pensam em nenhum momento se o sonho é grande ou pequeno, ou se é colossal, porque sonho não tem tamanho. Porque para sonhadores, mover montanhas para o meio dos mares ou mudar planetas de lugar é a mesma coisa. E não se espante Ciência, porque essas alterações geográficas, de um jeito muito insano, acontecem dentro da alma do sonhador e transcendem no planeta, chamando outros seres com ‘inclinação’ à loucura a esse ato desordeiro de sonhar, além da vida.

Sonhe, sonhe, sonhe, seja ridículo, louco, seja um desses lunáticos que a sociedade desconsidera. Sonhe absurdamente grande, até o dia em que a incredulidade deixará de importunar por se sentir a ridícula da história. A vida acaba para aqueles que não sonham.

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