Aproximando-se os 31 anos de idade, e claro, as naturais reflexões sobre a vida, sobre o que já aconteceu e sobre o que estará por vir. Das muitas lembranças, as mais marcantes dos tempos de infância são: biscoitinhos em forma de ursinho de chocolate, chocolate branco com um panda na embalagem, glacê de bolo nas cores rosa e azul, vinil e todos os discos da Xuxa, cereal de arroz de chocolate do elefante, papel de carta… (Lembranças principalmente de alimentos, porque o signo é touro)
Você entende que a ‘velhice’ é um estado de alma e que quando se chega na faixa dos trinta, tem uma disposição ainda jovial (raramente no meu caso haha), mas você está legal, está caminhando… Você olha para a Sandy (cantora) e pensa: olha que lindinha que Sandy é, tão jovem ainda! Mas não é um lance físico, é algo dentro da alma, mente, na forma de ver as coisas, de pensar sobre a vida.
Você já teve tantos momentos de quebra na vida, já se refez em tantas situações adversas, aos trinta anos é resultado de uma resiliência admirável e jamais imaginada antes como resiliência, parecia que era só força, mas era mais do que isso.
Você entende que seu corpo precisa de uns cuidados que você não pensava muito quando tinha vinte anos, e claro, você só sai de casa se antes se certificar de que se sentará, porque muito tempo em pé já causa umas dores nas costas bem desagradáveis (risos).
Você se lembra de Friends, principalmente do episódio ‘Aquele em que todos fazem trinta’, no meu caso, a identificação é maior com Rachel, pelo estado de depressão antes do aniversário e por questões dela pessoais vividas naquele contexto, como um relacionamento com um cara totalmente nada a ver com os ideais dela naquele momento (no meu caso, a identificação é maior com o estado de depressão).
Mas é curioso, porque ao ir para os trinta anos (sim, ir), houve uma perda de controle (entrei em leve parafuso), mas depois que passa, é como avançar de fase em videogame, e você nem se lembra mais daquela fase chatinha anterior e pensa: ‘nossa, olha que fase mais legal essa, muito mais emoção’. Sim, muito mais emoção. Você tem uma sensação importante de ‘tenho pouco tempo’, e aí se joga de uma maneira muito mais incisiva na vida, sem tempo para muitos rodeios. Você vai, se não sabia manejar bem as armas, agora não tem tempo para aprender, mas precisa manejar as armas. (metáforas um pouco estranhas, eu sei)
Tenho ouvido com muita frequência Waiting in Vain de Bob Marley e cantarolo sempre, ao lavar roupas, louça, banheiro, ou quando estou andando nos corredores do mercado e de repente sou surpreendida por alguém com riso contido imaginando que sou um pouco maluca. Eu não quero esperar em vão acredito que é o trecho que mais deve chamar minha atenção, e no geral, esperar em relação aos sonhos, projetos, claro que é essencial, mas há muitas coisas que esperamos em vão, e esse esperar precisa ser abolido, é legal deixar a vida ser a imprevisível que é, é legal deixar o universo ser maior (e ele não precisa de permissão para nada), é legal ser vulnerável, é legal não esperar nada e permitir a vida ser estupenda como é.
Eu não tenho a maturidade que gostaria de ter, prefiro inverter a ordem das velas e deixar o 13 transparecer em um brinde aos tempos em que ouvir Nirvana e Aerosmith me faziam já pensar na vida, no que seria, e enfim, 18 anos depois, percebo que aquela adolescente conseguiu muitas coisas, bem mais do que ela imaginaria. E falo sobre coisas na alma, na mente, conquistadas dentro de si, como tesouros tão valiosos, que me fazem agradecer todos os dias a Deus pela vida, mesmo com todas as adversidades que vêm como ondas em vários momentos da jornada.
Que o mundo seja mais belo! E não perdi jamais aquela esperança de revolução apesar de todos os pesares. Não acho que uma andorinha sozinha não faz verão, se as outras não quiserem seguir o caminho habitual, uma única pode muito bem fazer valer o presságio de dias mais harmoniosos e confortáveis.