Somos sobreviventes, todos nós. Mas não é para sobreviver que a vida em nós existe.
Estamos quebrados, mas não somos os cacos, somos o que resta e o que ressignificamos.
Somos almas errantes e aptas a aprender. Estamos vulneráveis às perdas, aos vazios, à escuridão, mas temos como vencer.
Estamos em uma guerra, das mais insanas, dentro de nós mesmos.
Nos cansamos, nos perdemos, mergulhamos e em muitos momentos quase nos afogamos em nossos próprios cântaros de dor.
Perdemos muito, principalmente quando pensamos que o alvo são apenas as vitórias que idealizamos.
O que a vida me pede é mais simples do que imagino, ela me pede paz: sim, me pede paz, paz no jeito de me enxergar e na maneira de entender o contexto que me cerca.
Há uma vida muito bela apesar de toda a lástima que nossos dias impõem.
Há um mundo muito pequeno que passamos boa parte da vida achando que é imenso.
Há muitas notas por aí, como trilha para cada vida, mas só quando estamos totalmente devastados, somos capazes de ouvir.
Há muito o que perder, porque só ganhamos depois de todas as chances de quebra. Estamos exaustos, mas algo nos energiza: a sede do que é puro e verdadeiro.
Caímos, levantamos, seguimos. Com a face coberta em lágrimas ainda esboçamos a esperança de um sorriso.
A palavra está aqui dentro, como uma pérola guardada no peito. Nenhuma devastação a destruirá.
Estamos sozinhos e juntos e esse é o paradoxo mais doce para acalentar em uma vida de tantos pesares.