Lá fora chove a cântaros. Chuva pesada. Quando era criança essas chuvas torrenciais me causavam espanto e ao mesmo tempo de encantavam. Tinha medo de fantasmas, mas também sabia que seres iluminados poderiam aparecer. O portal estava aberto.
Agora sou adulta, a chuva torrencial já não me assusta ou encanta. O que teria acontecido? Quem se importa com as chuvas torrenciais? Estão todos tão envolvidos com as próprias e terríveis tempestades… Não se surpreendem.
Quero que os fantasmas ressuscitem, quero a possibilidade de salvação pelos seres iluminados. Não quero que as minhas tolas tempestades me tirem o assombro das tempestades reais, dessas chuvas torrenciais loucas, que lavam a alma, levam cacos embora e trazem alguma paz.
Que se danem as minhas tempestades, quero a chuva torrencial. O caos seguido pela absoluta paz.