Quando você terá filhos? Namora? Casou? Quando vai casar? Você está fazendo dieta? Você está se preparando para o mestrado? Por que está solteira? Bem, essas são só algumas, das dezenas de perguntas que embora não sejam verbalizadas estão presentes nas sociedades e são entoadas a cada momento que você, mulher, não segue as “regras ou imposições sociais”.
Grande parte das mulheres na chegada dos trinta anos se sentem desconfortáveis, afinal, aquilo que a sociedade diz de que as pessoas precisam ser bem-sucedidas antes de completar trinta anos, ainda não aconteceu com você, bem, não da maneira “tradicional”, mas você se considera bem-sucedida, dentro do seu tempo, dos seus esforços, da sua vontade e da sua percepção sobre o que é ser bem-sucedida.
Depois dos trinta anos, as cobranças se intensificam mais por conta da maternidade, afinal, ser mãe ou não? É preciso estar em um relacionamento para decidir ter um filho? Esse filho precisa ser biológico? E se ter um filho não for parte do que deseja? E se você consegue simplesmente e objetivamente dizer que não se sente à vontade com a ideia de ser mãe e não deseja ter um filho?
Talvez você deseje ser mãe e se abdicar de sua carreira profissional para cuidar dos seus filhos. Ou, você está em um relacionamento e decidiu que filhos não estão nos planos do casal. Ou você está em um relacionamento e junto à sua companheira decidiram ter um filho, que pode ser gerado biologicamente em uma de vocês ou pode ser uma criança adotada. Enfim, dentre as tantas possibilidades de vida e escolhas, em todas elas, a mulher irá se deparar com a muralha das imposições sociais.
A princípio pode surgir a orientação: não se importe com isso! Dane-se as imposições sociais! Perfeito! Mas as mulheres que bradam essa voz são exceção e não regra em nossa sociedade, por isso, é tão fundamental que se fale cada vez mais na necessidade e nas ferramentas para a libertação de imposições e padrões sociais.
Como a mulher pode se libertar de imposições sociais?
A libertação de padrões sociais é algo totalmente complexo ao passo que leva à reflexão sobre o que é liberdade humana. Na Constituição, teoricamente homens e mulheres têm direitos iguais, mas na prática não é assim que acontece.
Os problemas surgem quando em situações cotidianas, as mulheres tomam decisões que fogem do que a sociedade espera delas, o que gera julgamentos, como já mencionado:
- Mulheres que optam por não ter filhos;
- Mulheres que optam por não se casar;
- Mulheres que decidem não ter um relacionamento heteroafetivo;
- Quando as mulheres não têm um parceiro fixo;
- Entre tantas outras.
E há também a situação em que as mulheres restringem a própria liberdade por medo de sofrer algum abuso ou agressão, como:
- Não sair à noite;
- Pensar em que roupa irá vestir, por medo de assédio ou de rótulos que possa receber.
E claro, outra questão em jogo quando se fala em libertação de imposições sociais é quando mulheres em condição social superior e privilegiada, não conseguem ver ou aceitar que há desigualdade ou não conseguem enxergar o papel do feminismo para que tenham, inclusive, o direito a não se importar com os seus ou direitos de outras mulheres.
E quanto às mães solo? Não se pode falar em imposições sociais, sem mencionar o preconceito que muitas mulheres, em pleno século XXI ainda sofrem porque não estão em um relacionamento e criam os filhos sozinhas. Quantos julgamentos do tipo: nossa, você vai sair e deixar o filho com os pais? Nossa, você vai viajar e deixar o seu filho com os tios? Que tipo de mãe deixa o filho com outra pessoa e vai passear com as amigas ou namorado?
Todas nós, em algum momento já tecemos julgamentos e obviamente passamos pelo “crivo social”, que dirá se somos ou não “adequadas” em nossa sociedade, se realmente prestamos ou não enquanto mulheres.
Há uma série de grilhões representados por imposições sociais, dentre eles, o padrão de beleza. Quantas mulheres se sentem “escravas” de um tipo de cabelo da moda, de um tipo de corpo “padrão”. Outro grilhão é “o que as pessoas vão pensar”, sobretudo, quando essas pessoas são pessoas próximas, representadas pela família, por amigos, etc.
Esse processo de libertação começa não apenas na busca do autoconhecimento, como muito se fala, até mesmo porque uma vez que alguém se conhece melhor, precisará decidir até que ponto está disposta a “pagar o preço” para ser quem é. Sim, pagar o preço, porque essas imposições sociais sempre vão existir. Sempre teremos um padrão de corpo, um padrão de beleza, um padrão de comportamentos socialmente aceitáveis, sempre teremos um “jeito certo” e tudo o que fugir do “certo”, será considerado errado e inadequado.
Então essa libertação pode-se também afirmar que começa no reconhecimento de um coletivo de sua situação de vulnerabilidade, de que juntas, foram classificadas como erradas e impróprias e de que juntas podem começar a melhorar as coisas.
E mesmo quando alguma mulher se sente confortável por fazer parte de um padrão aceitável socialmente, esse conforto não lhe tira a sensação de frustração por ser menos do que poderia ser se não fosse o seu medo de voar.
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