representatividade feminina na literatura

Como está a representatividade feminina na literatura em pleno século XXI?

A representatividade feminina, na literatura, na política, na ciência, na música, no teatro, etc., está sempre em evidência nas discussões dos últimos anos.

No mercado de trabalho, por exemplo, a representatividade das mulheres ainda é pequena em comparação à participação masculina, os cargos de liderança ainda são ocupados principalmente por homens.  

Na arte literária, por exemplo, por muito tempo, predominava a participação de homens, geralmente brancos, de classe média e heterossexuais. As mulheres não podiam assinar as suas obras ou precisavam assinar sob pseudônimo masculino. Um dos casos mais emblemáticos foi da autora inglesa, Mary Shelley, que teve a obra Frankenstein Ou O Prometeu Moderno, atribuída por alguns anos ao marido, também escritor, Percy Shelley.

Outra questão em torno do caso da autora inglesa é a de que havia o preconceito de que as mulheres só escreviam livros sobre amor, romances, sobre dramas e por Frankenstein se englobar no gênero ficção científica, pensavam que não poderia ter sido ideia de uma jovem de dezenove anos.

Uma das autoras mais conhecidas do mundo, responsável pela saga Harry Potter, J. K. Rowling, pseudônimo de Joanne Rowling, precisou usar as siglas J. K.(K de Kathlenn, nome da avó paterna), para que não pensassem que o livro foi escrito por uma mulher, já que segundo os editores “não venderia muito” se os leitores soubessem sobre a autoria feminina.

A representatividade feminina na literatura levou tempo para ganhar força. Por volta do século XIX, a escrita se tornou uma atividade renomada, sendo assim, os leitores passaram a dar mais importância a essa arte, predominantemente escrita por homens.

Por muito tempo, as irmãs Brontë, autoras de O Morro dos Ventos Uivantes e Jane Eyre, escreveram durante muito tempo sob o pseudônimo masculino, Irmãos Bell.

Representatividade feminina no Brasil tem ganhado força

Em 2014, a escritora Joanna Walsh, propôs o projeto #readwomen2014 (#leiamulheres2014), a fim de dar visibilidade a escritoras. Em 2015, as amigas Juliana Leuenroth e Michelle Henriques transformaram a ideia de Joanna em algo presencial em livrarias e espaços culturais, propondo a leitura de mulheres, clássicas e contemporâneas.

Ainda há resistência à leitura de obras escritas por mulheres. Quando se mencionam os clássicos, são poucas as mulheres mencionadas em comparação aos autores.

Durante as primeiras oito décadas de existência da Academia Brasileira de Letras, por exemplo, nenhuma mulher fez parte da instituição. Até 1951, segundo o Estatuto da ABL, apenas autores brasileiros poderiam concorrer a alguma de suas cadeiras. A primeira mulher a “brigar” por um lugar foi Amélia Beviláqua, que foi rejeitada sob o pretexto de que o termo “brasileiros” se referia apenas ao sexo masculino. A segunda mulher rejeitada foi Dinah Silveira Queiroz. Foi apenas em 1977 que uma brasileira ocupou uma cadeira da ABL: a escritora Rachel de Queiroz.

Apesar de algum avanço, ainda há muito a ser conquistado, a representatividade das mulheres na literatura tem avançado, mas ainda não é tão marcante como deveria. Por que os livros escritos por mulheres não são tão recomendados quanto os livros escritos por homens? Esses são questionamentos que envolvem uma série de fatores.

E não se pode falar em representatividade feminina na literatura sem mencionar a presença da mulher negra na literatura, na maioria dos casos, se autorreferenciando, burlando a invisibilidade e conquistando novos espaços em que tenha lugar de fala.

Segundo dados da pesquisa Retratos da Leitura no Brasil (2015), do Instituto Pró-Livro, as mulheres representam 55% dos leitores brasileiros. E segundo a pesquisa de Regina Dalcastagnè, para o livro Literatura Brasileira Contemporânea, 72% dos autores publicados no Brasil são homens.

Por que ler mulheres é tão importante?

É por meio da literatura escrita por mulheres que o público feminino consegue acessar os registros de sua ancestralidade.

Os livros de Jane Austen, por exemplo, retratavam o comportamento feminino da mulher em uma sociedade onde não tinha voz e que o máximo que se poderia obter de “dignidade” era por meio de um casamento com um bom partido, ainda assim, as suas protagonistas eram mulheres fortes, de personalidade única e que mesmo diante de tantas limitações, procuravam se impor de maneira íntegra no contexto social.

No livro Um Teto Todo Seu, da escritora e pesquisadora Virginia Woolf, a autora desejava que cem anos mais tarde (depois do século XX), as mulheres escritoras pudessem livremente usar de sua liberdade criativa, escrevendo livros, se fazendo conhecer tanto quanto os autores.

Que a representatividade feminina na literatura cresça e que seja tão recomendada quanto o é sobre autores, a leitura de escritoras, do clássico ao contemporâneo.

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