“Quando conhecer sua alma, pintarei seus olhos.”

Texto publicado no blog Barasa Plutônica

Houve no mundo um artista italiano conhecido como Amedeo Modigliani, talentoso, imperfeito, vivaz, doente e talvez mais parisiense do que italiano. Se algum conhecedor de obras de arte ler este primeiro parágrafo, provavelmente gritará: “Quanta estupidez!”

Mas vou lhe contar algo que precisa saber sobre a sabedoria… Ela não está em domínio de alguns nesse planeta… Está solta, liberta, está ao seu alcance. Acredite, esses artistas expressavam suas emoções e queriam dizer algo a todos, não apenas aos “caros da elite”.

Tive acesso à obra deste artista por meio de uma biografia… e o que mais me encantou foram as irregularidades em suas obras. Eu nunca, nunca me senti antes tão seduzida pela obra de algum artista, não sei, as obras de Modigliani me fazem refletir sobre a vida, sobre incertezas, sobre imperfeições, sobre querer quando não se tem e sobre sonhar para continuar existindo.

E na vida deste homem habitava uma mulher… uma linda e fascinante mulher… A francesa Jeanne Hébuterne. Com aqueles olhos vívidos, fortes e azuis… Com aquele infinito. Um infinito que foi capaz de captar os olhos de Modigliani, um infinito que foi capaz de conquistar o seu amor.

Os quadros chamavam a atenção pelos olhos vazados,— as pessoas que não olhavam, eram apenas enxergadas, eram apenas analisadas. A Jeanne pintada também tinha os olhos vazados e por quê? Por que Modigliani pintaria a sua amada com olhos vazados? A resposta a essa pergunta feita por Jeanne foi: “Quando conhecer sua alma, pintarei seus olhos”.

E me digam: “É possível conhecer a alma de alguém?”

Pouco antes de morrer, Modigliani deixou um quadro de Jeanne em que os belos olhos azuis finalmente foram mostrados… ao mundo. Será que realmente Modigliani havia conhecido a alma de sua amada? Ou será que a alma de alguém é tão misteriosa que é impossível de ser desvendada? Será que Modigliani tinha apenas se rendido ao amor que sentia, à certeza do amor de Jeanne e por isso finalmente revelou os seus olhos?

Quantas pessoas já passaram pela sua vida? Isso engloba todas as pessoas… Todas! E quantas de fato, você conheceu? Talvez nenhuma…

Talvez nós assim como Modigliani estejamos à procura da alma, dos olhos verdadeiros das pessoas à nossa volta… E precisamos de certa forma ser como Jeanne, precisamos dessa coragem para nos despir… de parar com esse quê de complexidade para algo que precisa ser compreendido e que é mais simples do que se pensa… A alma é simples… É como o barro, o mais cru, o mais isolado, o mais invisível, o mais imperceptível…

Modigliani passou a vida vazando os olhos de suas personagens, passou a vida tentando conhecer a alma de Jeanne, a vida tentando restituir o azul ao azul.

Isso é coragem… Coragem de buscar e coragem de revelar… E Jeanne? Corajosa enquanto existiu e talvez mais corajosa por mostrar mais do que se podia ver, para se mostrar verdadeiramente despida.

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