*Texto originalmente publicado no blog Barasa Plutônica
Cada coisa a seu tempo, mas como é difícil se render ao tempo! Tantos sonhos, tanta esperança ardendo na alma e ao mesmo tempo, é preciso lidar com um jardim em processo de transformação. Um jardim secreto, que está dentro da alma, esperando para ser cultivado.
Mary Lennox (do filme Jardim Secreto), 10 anos de idade, duras perdas e uma vida totalmente diferente à sua espera. Não conseguia chorar mesmo com tamanha dor e de repente descobriu um jardim abandonado e aparentemente morto. Um jardim que clamava por vida, que precisava de cultivo, ser relembrado. Foram meses de dedicação, de esperança, de plantações, meses de resgate de vida naquele lugar que aparentava morte.
Foram muitos dias de chuva, de sol, de melancolia, de esperança, de vontade de sumir… Foram dias, meses de transformação e enquanto o jardim florescia, a alma de Mary era cicatrizada de tantas feridas – uma alma de criança já tão devastada!
Nada, absolutamente nada floresce da noite para o dia, nada acontece de repente, tudo é resultado de plantações, de cultivo, de tempo dedicado, de verdades lançadas… Não existe colheita errada, existe justiça! Você só vai colher aquilo que plantou, você vai colher de acordo com a dedicação, de acordo com a maneira com a qual caminhou.
É nessa plantação, muitas vezes em terras devastadas, que os seres humanos, pequenos e ínfimos, aprendem que não há outra maneira de viver que não seja viver – um dia após o outro.
As flores têm o seu tempo, as árvores têm o seu tempo, os corações e almas têm o seu tempo. Há um propósito para todas as coisas debaixo do céu. Há tempo e justiça que esperam.
A recompensa de Mary só pôde ser contemplada muito tempo depois de abrir a fechadura enferrujada de um jardim esquecido. E não foram só flores, plantas, cores, aromas e vida, o jardim também floresceu na alma da menina, ela aprendeu a chorar, aprendeu a regar a própria alma.
Existe justiça, tempo e a colheita é sempre justa, mas claro, surpreendente, porque os dias são vividos um por um e, quando se percebe, há respostas que nem se esperavam mais. Tem um jardim a florescer, resultado de lágrimas, de esperança e banhado por justiça.
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