Como você se sentia na adolescência na fase em que se fala tanto em escolhas profissionais? Sentia segurança em relação ao que queria fazer da vida ou se sentia completamente perdida (o), sem saber o que dizer ou fazer? Se tinha certeza do que queria, que bom. Mas se não tinha noção alguma de qual caminho escolher, saiba que essa é uma realidade bastante comum a milhares de pessoas.
Quando era adolescente não fazia a menor ideia do que queria e ora ou outra ouvia de parentes próximos sobre alguma profissão que era bem rentável e que valia a pena investir, geralmente envolvendo a área de exatas, que não fazia parte das minhas aptidões. Quase aos vinte anos fui trabalhar com telemarketing, que mesmo sendo um trabalho que em curto prazo me estressou muito, também me trouxe muitos aprendizados.
Se na minha vida pessoal odiava telefone, na minha profissão como atendente eu precisava me comunicar de maneira clara, resolver problemas, conflitos, etc. Foi positivo até certo ponto, depois passei a me sentir cada vez mais estressada, o que me levou a não ser mais uma boa atendente (se alguma colega ler esse texto, saberá bem o que quero dizer).
Nesse meio tempo no telemarketing, estava tentando decidir entre dois cursos: Marketing e História. Cheguei a prestar vestibular para Marketing e passei, mas me sentia ainda muito perdida quanto ao futuro dentro dessas especialidades. Se estudasse História, tendia a ir para o caminho da Educação e no Marketing, ainda não sabia ao certo o que poderia fazer.
De um jeito que nem sei ao certo como foi que me decidi, mudei totalmente de ideia e pensei no Jornalismo. Me decidi aos vinte e quatro anos, não tão certa assim e ainda seguia trabalhando com telemarketing.
Um ano tinha se passado e eu seguia atendendo, não pretendia dentro da empresa galgar outros degraus. Não me sentia feliz, era como se apenas meu corpo estivesse ali. Consegui um estágio quando estava no segundo ano de faculdade e por conta da distância (mas hoje entendo que mais por conta da resistência à mudança), coloquei alguns obstáculos como “se não seria melhor esperar mais um pouco, por uma melhor oportunidade”, e uma amiga me orientou a não perder mais tempo já que eu não me sentia feliz e então aceitei a oferta de estágio.
Aprendi muito como atendente de telemarketing, aprendi muito como estagiária e depois trabalhando como autônoma. Acredito que quando alguém se sente infeliz no trabalho, precisa antes de mais nada, tentar entender se essa infelicidade está relacionada com o trabalho em si ou com algum aspecto interior independentemente da profissão.
Por que tem tanta gente infeliz no trabalho?
Neil Pasricha, autor do livro “The Happiness Equation: Want Nothing + Do Anything = Have Everything” (“A Equação da Felicidade: Querer Nada + Fazer Qualquer Coisa = Ter Tudo”), acredita que as pessoas se enganam quando acham que trabalho e o sucesso a farão felizes, já que primeiro devem estar felizes com a própria vida para que isso reflita sobre as demais áreas, inclusive, trabalho.
Já o psicólogo Mihaly Csikszentmihalyi no livro “Flow: The Psychology of Optimal Experiences” (“Fluxo: A Psicologia das Experiências Ótimas”), fala sobre a importância de combinar a quantidade certa de desafios com a quantidade certa de habilidades, ou seja: quem tem desafios demais, pode se sentir frustrado e quem tem poucos, pode se sentir entediado e mais, quando se faz algo além das habilidades, a tendência é que se entre em um estado genuíno de satisfação da consciência chamado ‘flow’.
Outra questão para quem se sente infeliz no trabalho é a de que muitas vezes a escolha foi pautada em necessidade ou em qualquer outra razão que não as verdadeiras habilidades. Essa escolha frustrada, na maioria dos casos, tem relação com a ausência de autoconhecimento ou porque a pessoa quis atender àquilo que viu como “rentável” ou como “compatível” sem questionar se realmente poderia lhe trazer bem-estar.
Um outro ponto importante também é o de que o trabalho precisa ter o lugar de trabalho e não de “vida pessoal”, quando as pessoas se “escondem” atrás do trabalho isso reflete negativamente em suas vidas e quando se sentem infelizes na vida profissional, essa realidade se torna ainda mais difícil, já que a vida pessoal já foi deixada de lado, gerando a sensação de que não resta mais nada para tornar a vida satisfatória.
E claro, há também o caso da pessoa que se sente infeliz no trabalho porque não se sente valorizada ou remunerada o suficiente. Mas diante desse contexto, outro questionamento é: Será mesmo que o trabalho precisa ser valorizado ou “validado” por alguém ou essa valorização e validação não precisa também partir da pessoa?
Como mudar essa realidade de insatisfação profissional?
Inicialmente o recomendado é que a pessoa se responda a algumas perguntas:
- Estou infeliz com essa profissão ou com esse lugar no qual trabalho?
- Há quanto tempo exatamente estou me sentindo infeliz? Em outras empresas também senti o mesmo?
- O que eu gosto de fazer? O que me traz satisfação?
- O que me torna infeliz é o trabalho em si ou o círculo social dentro da empresa?
- Eu só vivo em função da espera pelos finais de semana, dias de folga e feriados?
Essas são só algumas das perguntas que podem começar a nortear um processo de decisão. Se a pessoa deseja mudar totalmente sua área de atuação, o que incluirá, por exemplo, uma nova especialização, é importante sim realizar uma estimativa de tempo e recursos que precisarão ser investidos.
Em muitos casos, a transição acontece com a pessoa ainda no trabalho atual, tentando se desdobrar para conseguir outras oportunidades. Em outros, o dilema se torna ainda mais intenso, porque a pessoa se vê sem trabalho e com uma única especialização que sabe que não renderá oportunidades que lhe tragam maior satisfação.
Muitas pessoas também colocam a idade como obstáculo no processo de mudança e principalmente as mulheres se sentem ainda mais pressionadas a continuarem infelizes porque não se veem mais com idade para mudar a direção.
A transição de carreira ou abertura do próprio negócio precisa ser realizada de forma planejada, sem atender a impulsos, mas em muitos casos, esses impulsos são essenciais para a tomada de decisão. O importante é pensar até que ponto o problema está no trabalho e se a insatisfação foi gerada pela profissão ou já existia. Se a infelicidade é um estado existente além do trabalho, o recomendado é rever a própria vida.
O que você pensa sobre o assunto? Compartilhe a sua opinião.
Gostou do texto? Acompanhe o nosso conteúdo nas redes sociais Instagram, Facebook e Twitter! Aproveite para conhecer o livro Mulher Quebrada
Leia também:
Ser bem-sucedido – Tem a ver com você ou com o que a sociedade espera?