*texto originalmente publicado no portal Barasa Plutônica
Quando a gente é muito jovem, é pressionado à ideia de que é preciso mudar o mundo. Eu queria sim mudar o mundo, mas também entendia que era um trabalho coletivo e não apenas meu. Embora eu possa sim tentar uma mudança isoladamente, procurando evoluir enquanto ser humano.
Quando eu tirava um B em prova, era levada a crer pelo sorriso amarelo da professora de que aquilo não era o suficiente e de que eu precisaria dar a minha alma por um A. Essa foi a fase em que passei a me contentar com o C, com a certeza de que havia aprendido, inclusive, com os erros, que se não existissem, teriam me lavado ao A e ao sorriso mais contundente da professora.
Quando eu tinha terminado o colégio, havia perguntas como o que eu iria fazer, que profissão iria seguir, o que eu faria na vida e eu não sabia responder. E nem parava muito para pensar porque tinha os meus problemas cotidianos para resolver, minhas batalhas pessoais para lutar e tentar vencer.
Aprendi que tentar é tão importante quanto alcançar. Aprendi que caminhar é mais importante do que alcançar o destino. Aprendi que lidar com a minha imperfeição é importante e pode me trazer de certa forma algum conforto mental.
Entrei na faculdade já um pouco atrasada (para a sociedade), porque para mim era o tempo certo. Pretendo prosseguir, mas sem as neuras de correr contra o tempo, porque, eu sei que imortalidade não existe e que cada um tem um ritmo, uma maneira de caminhar e um trajeto próprio.
Quando você tem 20 anos, a sociedade te diz que você tem que correr e concretizar planos porque o tempo voa muito rápido, e quando você já está na metade dos vinte, você precisa correr porque depois dos 30 não se sabe o que pode ser. Para o mundo, para as regras sociais, ninguém nunca está bom o bastante, tirar B nunca é o suficiente.
Se você é mulher, as cobranças sobre a sua vida, ainda que implícitas, são ainda maiores e isso vai gerando na mente uma série de obstáculos ao invés de gerar caminhos de realização. Te cobram namorado, casamento, te falam sobre filhos, te questionam sobre o que fará daqui para a frente. E eu realmente não posso responder. Você consegue responder a todas as perguntas ou cobranças que te fazem?
Muitas pessoas se expõem ao esgotamento mental, mas por aquilo que nem sabem se realmente vale o sangue. Confesso que sou sim um tanto obcecada em relação ao que acredito, dou literalmente o sangue, sofro com a insegurança em relação a estar ou não capacitada para conseguir fazer o melhor que posso. Sei que vou falhar, não uma, mas várias vezes, mas também sei que jamais desistirei de ir em busca dos objetivos que nasceram de sonhos, que nasceram do pó.
Haverá sempre alguém te esperando em algum trecho, em algum lugar, alguém que sempre esteve ali, naquele ponto a te esperar. Quando você finalmente encontra o caminho, esse alguém não te pergunta onde foi que esteve todo esse tempo, não te cobra pelo fato de ter demorado, até mesmo porque não houve demora, você apenas não encontrou o caminho antes. Esse alguém que te espera terá no rosto um sorriso, sem qualquer sinal de ironia, será um sorriso de ‘finalmente’ misturado com a alegria de ter lhe encontrado. Esse alguém é você.
Na vida, não são as pessoas que nos esperam, não são as pessoas que nos norteiam sobre o que somos ou sobre o que seremos um dia, quem nos norteia é essa alma que nos habita o corpo. É esse pedaço de Deus.
Já me traí em alguns momentos da vida, já tentei lutar contra a minha própria natureza para que talvez houvesse mais aceitação. Mas eu encontrei esse alguém que sorri e que sempre me espera, não sei se nos desencontraremos mais vezes daqui para frente. Mas sempre, sempre estará me esperando.
Ouça o que a sua alma lhe diz. Procure a sua própria voz que ecoa, talvez distante. Vá ao encontro de si mesmo. Não tenha medo, porque esse alguém que é você (sua alma), te espera para te abraçar e para te ajudar a seguir.
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