*Texto originalmente publicado no blog Barasa Plutônica
… A gente escreve porque o mundo é uma confusão desconexa, que não se consegue entender, a menos que se faça um mapa com as palavras. (…) a gente escreve porque lê, escreve a fim de refazer para uso próprio as histórias da nossa vida.” Edward Sheffield, escritor no filme Animais Noturnos, de Tom Ford, escrito por Austin Wright
É difícil para quem ama tanto as palavras e foi de uma maneira tão benevolente chamada para servi-las, dizer porque escreve, explicar porque se rendeu a esse chamado. Às vezes é muito mais fácil se encontrar em uma resposta alheia, de um escritor em um filme desses incríveis que a gente tem a oportunidade de ver, mas não é o bastante, porque cada autor no mundo vai ter uma maneira de expressar o seu amor e de justificar a sua vocação que definitivamente não precisa ser explicada, muito menos ao pé da letra.
Nem de longe eu seria enxergada pelos doutos, um ser dado às Letras, e jamais imaginaria ter sido convocada de dentro do ventre de minha mãe para ser gente que vive porque escreve. Mas há um mistério nessa chamada vocacional, que sinceramente, não me interessa conhecer.
Eu escrevo porque assim consigo fincar aquilo que sinto e penso de uma maneira que permanecerá tão demarcada sobre a minha alma quanto o meu amor intocável pelas letras, singulares, que se reúnem como amigas ou se separam de maneira que a distância possa ligar ou opor ideias.
Escrevo porque é a maneira que me faço existir no mundo e sinto que assim posso romper fronteiras, inclusive, geográficas.
Escrevo porque palavras unidas em prol do avivamento do amor e paixão é arte e porque é um jeito um tanto louco e ao mesmo tempo piegas de mostrar que dentre as nuvens mais carregadas e sombrias, há um brilho intermitente de esperança.
Escrevo porque é por meio dessa construção de palavras que me conheço, pouco a pouco, letra por letra.
Mesmo em meio a muitas dúvidas, ou se estiver em meio a uma confusão tão fora de controle, a única certeza que tenho e que me salva é a de que estou no mundo para servir às palavras.
Seja em português, inglês, espanhol, francês, húngaro, não importa a língua, os sentimentos reais, as ligações sublimes acima do entendimento até de quem escreve, são capazes de adentrar ao profundo das almas humanas e dentro da alma de quem escreve como um veneno capaz de matar e de fazer renascer.
Escrevo como humana, mas pode ser que a irracionalidade de um animal queira se manifestar em alguma história, por meio de uma personagem qualquer. As palavras permitem infindáveis construções e as mais profundas sensações.
Escrevo porque louvo a vida de uma maneira que ela me brindou quando me fez descobrir a que vim neste mundo. Escrevo porque respiro, escrevo porque é assim que posso despir a alma ao mundo. Escrevo em manifestação de louvor à divindade.
Escrevo porque esse é um chamado, porque foi o resgate possível à minha alma em um mundo que nada poderia me oferecer, senão trevas.
Não via mais razão, não encontrava mais solução ou espaço neste Universo e assim, de uma maneira que jamais poderia imaginar, fui acolhida pelas letras.
Escrevo porque toda a fantasia que sempre habitou em minh’alma não é loucura nas histórias consagradas à arte. Escrevo porque as ilusões que podem atormentar meu ser na realidade, podem ser costuradas e caem muito bem nas vestes resplandecentes que compõem as personagens que não são reais, mas que são muito do que sou.
Escrevo porque resisto. Escrevo porque amo as letras. Escrevo porque se não fossem as palavras, minha vida aqui seria vã.
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