Mariana é daquelas mulheres inesquecíveis, cabelos castanhos ondulados até metade das costas, brilhantes e sedosos. A boca era de um tom naturalmente alaranjado, a pele muito branca e a cintura era como um caminho para a perdição. Mariana era toda mistério, mulher de sonhos.
O riso era solto e o som era hipnótico, acredite, ouvir o riso de Mariana levava a devaneios.
Há pouco tempo havia terminado um relacionamento longo e estava enfim seguindo a vida novamente.
Gostava da solidão, gostava do silêncio, gostava de chá quente de erva-doce, gostava de bolhas de sabão.
Em sua janela havia um vaso de violetas de flores lilás e nem sempre havia o que se ver naquele ‘nada’.
Uma das coisas que mais faziam Mariana se perder era a delícia de sonhar, de respirar, de viver.
No que Mariana trabalhava? Não sei. Como era o relacionamento de Mariana? Também não sei. Mariana queria novamente amar? Não, infelizmente não sei. Que escritora é essa que não sabe nada sobre a personagem que relata?
Mas o intrigante era que em dias cinzas Mariana avistava da janela um lindo elefante cor-de-rosa que voava. Ela ria, gargalhava. Aquele animal enorme, cor-de-rosa e leve? Sim, muito leve!
Muitas pessoas quando viam aquele moça linda caminhando com seu vestido esvoaçante, não compreendiam como poderia ser assim tão solta, tão sorridente, tão encantadora, vivendo sozinha naquela casinha no meio do nada.
Mas eu quando vejo Mariana, não consigo ver apenas a beleza que a torna única, não consigo ver sequer se o vestido é esvoaçante e não me importa o fato de ser tão deslumbrante ou de viver em uma casinha no meio do nada. O que torna Mariana especial aos meus olhos é a capacidade que ela encontra em dias cinzas de ver um elefante cor-de-rosa voador de sua pequena janela.
E outra coisa me importa: a janela da casa da Mariana. A madeira é descascada, os vidros são desfocados e quando se olha do lado de dentro, o vaso de violeta aparenta ser apenas um vulto esverdeado, que poderia até mesmo ser um grande sapo… Por que não?
Esse elefante grande cor-de-rosa que voa… E é justamente em dias cinzas que ele aparece. Quem quer observar os dias cinzas? Quem quer se deliciar vendo um animal encantador voando em um dia improvável?
O que tornava Mariana essa mulher tão fantástica era essa capacidade que ela tinha e sequer sabia que tinha, era essa capacidade de ver milagres em dias cinzas.
*Texto originalmente publicado no portal Barasa Plutônica
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