Não há nada de errado em ser plateia

originalmente publicado no blog Barasa Plutônica

Todo mundo quer o seu famoso lugar ao sol, mas também é verdade que muita gente também queria ser o sol. Muita gente queria brilhar como as estrelas ou ser tão querida quanto uma bela lua cheia.

Muita gente quer ser alvo dos holofotes, dos aplausos, dos assovios, do reconhecimento e, na maioria dos casos, só colhe mesmo o vento.

Quase ninguém mais quer estar na plateia, quer observar, prestar atenção, reverenciar, reconhecer. É preciso ser visto… Ser então o ator, porque ser plateia é muito pouco e se for ator, é preciso ser o protagonista, porque ser coadjuvante é muito pouco, ou quem sabe, ser o vilão, porque como antagonista do herói, pode ser que se tenha mais atenção.

Na vida estão todos querendo pisar no palco, talvez sem nenhuma vocação, aliás, para que ter vocação hoje em dia? É muito mais interessante “comprar” as vocações por meio dos tantos e tantos cursos que darão a nomenclatura que se busca para vender à direção (a vida) um bom papel.

É burrice querer mostrar ao mundo algo que não é genuíno, porque há olhos por toda parte, há energia por toda parte, pode não parecer, mas ainda há luz, luz que torna tudo muito claro, muito fácil de entender, que faz o que é de verdade ser visto como de verdade. E essa luz, irradia não apenas no palco, não é como aquelas luzes artificiais que cegam, trata-se da luz do Universo, da luz da vida.

Também pode parecer que não, mas a vida é luz, ainda que possa se fazer qualquer coisa com ela, e ela mostra por si mesma quais são os reais frutos, se houve mesmo frutos bons e em ponto de matar a fome… Da alma.

Essa luz resplandece em qualquer canto no mundo, em qualquer pedaço de terra, essa luz invade todas as nações, pode brilhar em hospitais, em prisões, em tribunais, em lares caindo aos pedaços, em funerais, em vendavais, essa luz pode brilhar em qualquer canto e em toda forma de vida que há, em que exista verdade em ser.

Essa luz pode também resplandecer sobre a plateia, sobre alguém que vislumbra a cena com o coração mais do que quebrantado, sobre alguém que estava sem qualquer tipo de perspectiva e finalmente encontra o sentido, talvez nem mesmo o ator tenha compreendido de fato o que era o seu papel, mas alguém na plateia sentiu, entendeu e se enriqueceu de alguma forma.

Se há verdade, não precisa haver tamanho esforço, não será preciso grandes maquinações para que se consiga então o reconhecimento, a verdade que emana do Universo irradiará em luz sobre as ações de verdade das almas.

Não é preciso ter pressa, se perder em labirintos de medo, se perder em dúvidas, não é preciso empregar tanta força.

Sendo o que puder e quiser ser, se for de verdade, haverá luz, a luz da dignidade, a luz que mostrará que aquilo que se faz genuinamente é valioso de fato.

Não há nada de errado em ser plateia, não há nada de errado se não estiver no palco. Na vida é preciso viver a própria vida, ser o que é, aceitar o papel que é possível desempenhar e se o papel for ser plateia, aplauda, se emocione, se transforme.

O papel é ser de verdade e sobre a verdade sempre irradiará a luz.

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