Texto originalmente publicado em Barasa Plutônica
Será que basta a gente dizer que tem esperança? Será que basta dizer a si mesmo todos os dias, mesmo diante de adversidades que existe esperança? Às vezes acho que ter esperança também é uma questão de estar atento aos sinais… De deixar os pequenos detalhes do cotidiano mostrarem o caminho para continuar tendo a tal da capacidade de esperar por dias melhores, apesar de tudo.
Hoje, pela segunda vez, em menos de duas semanas, vi uma abelha, da primeira vez que vi imediatamente disse ‘É um sinal!’, hoje na segunda vez contemplei o pequeno inseto com esperança, com uma doce esperança. As abelhas estão lentamente sumindo e o inseto já está na lista de espécies em extinção, as duas abelhas que avistei são como um acidente nesse decreto do meio ambiente, representam por si mesmas a força em continuar mantendo a espécie. Não se pode dizer enfaticamente que é o fim de tudo, porque quando a esperança sopra, é sempre sinal de que algo pode ser recomeçado ainda que das cinzas.
Fico pensando em como a vida é doce apesar de todos os momentos sombrios, fico pensando em como sonhar, ter esperança e se esforçar em prol de continuar na vida é talvez o começo de tentar entender o sentido de ser uma alma vivendo em um corpo.
Ver uma abelha para muitos é apenas sinal de que se pode levar uma ferroada e obviamente que apenas seres com parafusos desajustados pensariam que aquele poderia ser um sinal de esperança. De repente, as coisas podem mudar, de repente surgem novos caminhos e novas oportunidades na vida e é preciso estar atento, sempre, aos pequenos sinais.
A gente quer ver as coisas acontecendo muitas vezes de maneira grandiosa, como se fosse preciso que os acontecimentos se descortinassem em nossas vidas com um grande aviso de que aquilo é de fato uma resposta de esperança. Mas não existem grandes avisos, não há uma regra, são os pequenos detalhes (sinais) que nos levam aos grandes trajetos e só se percebe que os trajetos são mesmo grandiosos, quando pouco a pouco, seguem-se os pequeninos sinais, em passos que podem parecer tão vagarosos e sem sentido!
Três sobreviventes: as duas abelhas e eu. Estamos lutando para nos manter vivas e com uma certa constância apesar de decretos de ruína. Talvez tenha sido assim com você e talvez esteja esperando grandes manifestações e grandes sinais, mas, se de repente, abrir um pouco mais os olhos e mirar na imensidão pode ser que veja os pequenos sinais de esperança, que te guiarão nessa vida, que moverão a sua alma, a um lugar que só se conquista com muita vontade de continuar existindo.