Tenho estado em silêncio nos últimos meses. Silêncio nas redes sociais. Silêncio na “produção de conteúdo”, nessa esteira de precisar produzir para engajar.
É claro que muitas vezes sou obrigada a me autocontrolar quando percebo que estou há mais de 5 minutos vendo alguma coisa que não irá acrescentar em nada em minha vida. É muito encantadora a possibilidade de poder se conectar ao mundo todo por meio de um aparelho tão pequeno. Talvez a minha força para sair um pouco dessa bolha esteja no fato de ter passado minha infância e boa parte da minha adolescência afastada do virtual (no caso da infância, por que a internet simplesmente não existia rsrs).
E estar em silêncio me faz perceber muitas coisas boas e más sobre mim. Sou muito impaciente, mais do que acredito ser e minha impaciência nada tem a ver com pessoas, mas com objetos que parecem conspirar em alguns momentos ficando lentos ou deixando de funcionar. Me irrito, sinto uma brutalidade que envergonha depois de alguns minutos.
Também me surpreendo muitas vezes rindo sozinha de algo que li ou de algo que tenha pensado. É uma risada alta, a minha risada de sempre que percebo que talvez não seja tão sincera quando estou em eventos sociais.
Eu produzo conteúdo para gerar engajamento, mas para outras pessoas e é sempre diferente cuidar do que é de outra pessoa. É como ficar com as chaves de alguém e de vez em quando ir até a casa da pessoa ver se os animais estão alimentados, se está tudo em ordem e se as plantas precisam de água. Você entra, cuida e volta para a sua casa, deixando para trás um mundo de particularidades.
Tenho optado por simplesmente não forçar a barra escrevendo nada. Este aqui é só um registro. Penso pouco para escrever. É só uma impressão.
Eu já forcei muito a barra nessa coisa de querer chamar a atenção por algum pensamento ou por palavras esteticamente bonitas e infalíveis na arte de encantar.
A única coisa que desejo é seguir assim, passando um tempo com essa figura que sou. Humorada, irritada e às vezes desequilibrada no desejo de comer doces.
É engraçado quando você deixa de produzir conteúdos para tentar engajar pessoas e começa a ver o conteúdo que existe em você mesma. Existem coisas ruins em mim que me engajam mais e que me ensinam mais sobre quem tenho sido.
Muito interessante seu texto
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